Em tempos de pandemia, a saúde mental em Juiz de Fora pede Socorro

O Comitê de Cidadania sugere à Câmara Municipal uma Audiência Pública para tratar do tema


Setembro Amarelo é o mês de conscientização sobre a Saúde Mental. Quantos sofrem desta doença e precisam de tratamento! 

Não há dúvida que as doenças mentais sofrem preconceito, principalmente a da dependência química. Em tempos de pandemia do Coronavírus, a maior crise sanitária dos últimos tempos, a procura por ajuda tem crescido em porcentagem gigantesca.

Conforme matéria de Cláudia Colluci publicada no jornal Folha de São Paulo em 20 de setembro, estudos da Universidade de São Paulo (USP) indicam que 36% de crianças e adolescentes do Brasil apresentaram depressão e ansiedade na pandemia e os hospitais têm alta na taxa de tentativas de suicídio nesta fase etária. 

Como não nos sentirmos afetados emocionalmente com toda essa angústia, esse medo de pegar o COVID-19, essas dificuldades econômicas e todas as perdas sofridas?

Quem leu o livro de Daniela Arbex “Holocausto Brasileiro” na certa se horrorizou com as descrições de como eram tratados os internos do Manicômio de Barbacena. 

No futuro a sociedade talvez vá olhar como mesmo horror a forma como os dependentes químicos são abandonados e se multiplicam nas calçadas e marquises das cidades. 

O caminho para o tratamento das doenças mentais adotado pela Reforma Psiquiátrica Brasileira foi pela postura antimanicomial. Somente depois de 2010 Juiz de Fora iniciou o trabalho de mudanças no campo da Saúde Mental. 

Hospitais psiquiátricos públicos foram fechados; Centros de Atenção Psico Sociais implantados; ampliados serviços como os de Residência Terapêutica (SRT) e Centros de Convivência (CECOS).

 As ações e serviços de Atenção Básica à Saúde (ABS) são desenvolvidas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), a porta de entrada de todo o processo. 

O que é preciso ser discutido em nossa cidade para tornar mais eficiente a atenção à Saúde Mental?

É fundamental que as políticas públicas sejam direcionadas seguindo os passos da conscientização, prevenção, diagnóstico e tratamento do sofrimento psíquico. 

Juiz de Fora não possui o número suficiente de CAPS para atender a demanda populacional. É preciso qualificar equipes; humanizar o atendimento; tornar os profissionais efetivos. 

As pessoas em sofrimento mental precisam de um vínculo com o serviço e com o profissional. A rotatividade dos funcionários prejudica muito a recuperação dos doentes.

Para citar mais alguns dos problemas levantados, a estrutura física dos CAPS não é adequada e a fiscalização dos serviços terceirizados é insuficiente. 

Pensando na urgência de discutir a melhoria da Saúde Mental em nossa cidade, o Comitê de Cidadania sugeriu, através de Ofício encaminhado à Mesa Diretora e Comissão de Saúde, a realização de Audiência Pública para tratar do tema. 

Aguarda o posicionamento da Câmara Municipal de Juiz de Fora.

Comentários

  1. O Setembro Amarelo se despede hoje. Como última ação, a Câmara Municipal de Juiz de Fora está disponibilizando o atendimento do Centro de Valorização da Vida (CVV). O telefone é o 188. Ansiedade, depressão precisam de atenção especial. O Comitê de Cidadania parabeniza a iniciativa e aguarda a realização da Audiência Pública para debater a Saúde Mental em Juiz de Fora.

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