A representatividade negra na política juiz-forana
A cidade de Juiz de Fora foi às urnas no último mês de outubro para reconfigurar os Poderes Executivo e Legislativo locais. Assim como ocorrera em 2012, 19 nomes foram eleitos como vereadores para representarem, ao todo, uma população estimada em 559 636 habitantes, de acordo com a última estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Além dos membros da Câmara Municipal, escolheu-se, em dois turnos, o velho-novo prefeito do município, Bruno Siqueira, e seu vice, Antônio Almas.
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Se as últimas eleições municipais implicaram em mudanças significativas na composição do Poder Legislativo, há um aspecto que merece ser destacado se comparadas as votações de 2012 e de 2016 dos juiz-foranos. Assim como na votação de quatro anos atrás, apenas dois vereadores negros foram eleitos como representantes dos cidadãos de Juiz de Fora. Naquela ocasião, Nilton Militão (PTC) e Jucelio (PSB) chegaram à Câmara reunindo 4 149 votos no geral – Nilton, 2 697, e Jucelio, 1452 -, o que significou 1.45% do total de votos computados.
Enquanto isso, no último pleito, Jucelio chegou à reeleição com 3 618 votos (1.35%) e Julio Obama Jr (PHS) foi eleito com 2 306 votos (0.86%). A representatividade dos negros seria maior caso não houvesse a ponderação final referente à coligação a qual os candidatos são ligados, pois Negro Bussola (PEN) e o próprio Nilton Militão (PTC) receberam uma quantidade significativa de votos dos juiz-foranos e não foram eleitos. A quantidade de eleitores que os escolheram foi superior à de alguns vereadores eleitos na computação final. Ao passo que Negro Bussola foi escolhido por 3 942 pessoas – mais votantes do que Jucelio -, Militão foi votado em 2 686 ocasiões – número maior do que o de Obama Jr.
Apesar do número de votos dos dois candidatos negros melhores colocados ter aumentado, a manutenção de apenas dois vereadores negros dentre 19 possíveis na Câmara Municipal de Juiz de Fora é insuficiente. Jucelio e Julio Obama Jr correspondem a 10,52% do número de vereadores. Se, no longínquo ano de 2000, a população negra correspondia a 12,28% da cidade, atualmente tal parcela deve corresponder a um número maior – não computado pelo IBGE nos últimos anos, diga-se -, o que, por si só, já exige maior representatividade na vida política de Juiz de Fora.
O município tem um forte histórico no que diz respeito ao trabalho escravo, principalmente no século XIX, quando era um importante entreposto comercial para a mercadoria escrava devido a sua localização privilegiada na Zona da Mata e sua proximidade com o Rio de Janeiro. As raízes são significantes; resta saber quando a população negra vai finalmente encontrar no poder político uma força de representatividade para se posicionar socio e culturalmente e reprimir sua marginalização.
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