Por que as mulheres não são eleitas?
As eleições municipais de 2016 chegaram ao fim no último domingo, 30, com a realização de segundo turno em 55 cidades do país (Confira todas elas). Os eleitores de 18 capitais e outros 37 municípios foram às urnas para escolher o chefe do executivo pelos próximos quatro anos.
Considerada as eleições mais baratas em relação a 2012, o pleito de 2016 ficará marcado pelas novas regras de financiamento. Depois de quase três meses de campanha, o Tribunal Superior Eleitoral estimou que sem as doações de empresas a candidatos, houve uma redução de cerca de 30% nos gastos (dados). Segundo dados do TSE, em 2012 foram declarados R$6,29 bilhões, enquanto que em 2016 a estimativa ficou em R$2,13 bilhões.
Apesar de representar uma mudança significativa, ao olhar para os candidatos eleitos em 2016 fica evidente que ainda há muito a ser feito. A começar pela presença das mulheres nos cargos públicos.
Teresa Surita: única mulher eleita em primeiro turno em capitais Foto: Divulgação |
Representatividade
Se comparado aos números de 2012, esse ano houve um crescimento do número de pessoas interessadas em exercer um cargo público. Segundo dados do TSE, aumentou também o número de eleitores aptos a votar, assim como o número de partidos. Enquanto que em 2012 eram 29 legendas, agora foram 35.
Apesar da mudança nos números, ainda há pouco o que se comemorar. Comparando os dados dos dois últimos pleitos, praticamente não houve alteração em questão de representatividade. A proporção de mulheres eleitas, por exemplo, se manteve estável. Dos 57,8 mil candidatos eleitos para vereador, apenas 7,8 mil são mulheres. Isso significa que elas ocupam somente 13,5% das cadeiras do legislativo municipal.
A situação se mantém se analisarmos o executivo. Dos mais de 5.500 candidatos eleitos prefeitos esse ano, APENAS 637 mulheres foram eleitas. Isso significa que de cada 10 prefeitos eleitos, só uma é mulher (Confira). Se considerarmos somente as cidades com mais de 200 mil habitantes, onde há a possibilidade de segundo turno, só três mulheres conseguiram ser eleitas para ocupar a chefia do executivo municipal.
Embora representem mais da metade da população brasileira, as mulheres ainda não conseguem romper a barreira do misoginia para ocupar esses cargos. As iniciativas populares que deram vida à Lei da Ficha Limpa e o fim do financiamento empresarial de campanha podem servir de incentivo para a construção de um projeto alternativo que garanta que as mulheres possam a exercer essa representatividade plenamente. Afinal, competência não tem gênero. Preconceito sim.
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